terça-feira, 1 de setembro de 2020

A PANDEMIA DA CRISE.

 

            Se tem algo que essa pandemia de Corona Vírus provou é que o foco principal de toda a existência é a economia. Tudo o que se fez até agora, principalmente no Brasil, foi para reduzir os prejuízos causados pela quarentena, e não para salvar vidas.

               Primeiro, assim que se iniciou a quarentena, tivemos as carreatas de empresários exigindo que seus funcionários voltassem ao trabalho, pedindo a reabertura do comércio. Não, não se notou nenhum senso de alteridade, esses empresários não demonstraram preocupação com seus funcionários, tampouco com clientes, em manter seus negócios abertos. Justificável, racionalmente sustentável, pois como faremos se a economia parar?

Comércio reaberto, em muitos casos parcialmente. Essa parcialidade, entretanto, foi forte o suficiente para causar uma grande retração na economia e logo desemprego. Aí entra o Estado. O auxílio emergencial. O foco do governo foi o dinheiro, o poder de compra dos cidadãos, não que estivesse fazendo pouco para o tratamento dos infectados. Pelo contrário, como podemos ver agora em setembro de 2020 em alguns estados se fez até de mais, hospitais que sequer funcionaram. Mas o mais importante, nota-se, não é a saúde das pessoas, mas sim seu poder de compra. Não, não estou recriminando ou fazendo juízo de valor, é uma constatação óbvio. Ser cidadão é ter poder de compra, e essa é a função do indivíduo na nossa sociedade, comprar. O governo federal garantiu isso, pelo menos em partes.

Chegando agosto vem outra polêmica, a reabertura das escolas. Alguns colégios particulares chegaram até a veicular propagandas, dizendo que farão o retorno dentro de todos os protocolos de segurança, como se estivessem preocupados com os alunos. Mais uma mentira. O fato é que sabendo que não estão consumindo o produto pelo que pagam muitos pais decidiram retirar seus filhos dos colégios particulares e os matricular em escolas públicas. O retorno seguro ás aulas nada mais é do que uma pressão de empresários preocupados com seus negócios, pouco se importando com a saúde de alunos, funcionários e professores.

Como vemos, a pandemia é de crise econômica, nunca foi uma crise de saúde pública. Jamais se ligou ou se ligará para a saúde das pessoas, clientes, alunos, funcionários. A vergonha não é esse fato explícito e tácito. A vergonha são os esforços e falsearem essa verdade, isso é miserável. O Brasileiro, sobretudo os empresários, sentem vergonha de manifestar seu materialismo, seu apreço pelo dinheiro e a valorização da economia acima da vida. Reitero, não é um juízo de valor, é apenas uma constatação.

domingo, 9 de abril de 2017

A Teoria do Caos.


Resultado de imagem para teoria do caosMuitos já devem ter ouvido falar dessa teoria. Vários filmes e séries tocam no assunto e até um filme famoso foi produzido com o tema, estrelado por Ashton Kutcher, intitulado           “O Efeito Borboleta”. Mas, o que já de interessante nessa teoria?
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Ela diz que o simples acontecimento, como o bater das asas de uma borboleta, pode desencadear ações e desdobramentos dos mais inusitados e impensados, como uma guerra noutro lado do mundo.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

ARTIGO: A Coruja de Perseu.

Palas Atena, ou Minerva, sempre está acompanhada de uma coruja, denominada apenas como “a coruja de Atena” ou na mitologia latina “a coruja de Minerva”. Ela representa a sabedoria, uma das tantas qualidades atribuídas a Atena, além da estratégia, bravura e acuidade militar.


Muito apegada a sua coruja, Zeus havia lhe ordenado que a doasse a seu filho, Perseu, para auxiliá-lo na dura tarefa de conseguir a cabeça de Medusa, com o fim de petrificar o terrível monstro Kraken. 




Negando-se a perder sua amada coruja, encomendou a Efestos, ou Vulcano em latim, que construísse uma feita de bronze para doar ao herói. Assim nasceu Bubo, a coruja mecânica que ajudou Perseu a salvar sua cidade, Argos. Essa história é contada no filme britânico Clash of the Titans, Fúria de Titãs, lançado em 1981.

          A coruja é o símbolo da sabedoria, sendo utilizada como referência à filosofia. Bubo talvez seja a metáfora do conhecimento arquetípico plasmado na matéria. A coruja de Atena é a sabedoria em essência, ideal, o arquétipo, inalcançável. Bubo seria a sabedoria humana, o que conseguimos ter, mundana (existente no mundo) construída, mecânica, racional. A sabedoria ideal está com a Deusa, a sabedoria possível com o homem, o semideus.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

SOCIOLOGIA: Pierre Bourdieu

Construtivismo Estruturalista ou Estruturalismo Construtivista


  • Crítico mordaz dos mecanismos de reprodução das desigualdades sociais.


  • Admite que existe no mundo social estruturas objetivas que podem coagir a ação e a representação dos indivíduos, dos chamados agentes.


  • Tais estruturas são construídas socialmente assim como os esquemas de ação e pensamento, chamados por Bourdieu de habitus.


  • Os agentes sociais incorporam a estrutura social, ao mesmo tempo que a produzem, legitimam e reproduzem.

  • Os condicionamentos materiais e simbólicos agem sobre nós (sociedade e indivíduos) numa complexa relação de interdependência:
    • a posição social ou o poder que detemos na sociedade não dependem apenas do volume de dinheiro que acumulamos ou de uma situação de prestígio que desfrutamos por possuir escolaridade ou qualquer outra particularidade de destaque.
    • está na articulação de sentidos que esses aspectos podem assumir em cada momento histórico.

Concepção relacional da sociedade

        A estrutura social é vista como um sistema hierarquizado de poder e privilégio, determinado tanto pelas relações materiais e/ou econômicas (salário, renda) como pelas relações simbólicas (status) e/ou culturais (escolarização) entre os indivíduos.

     Segundo esse ponto de vista, a diferente localização dos grupos nessa estrutura social deriva da desigual distribuição de recursos e poderes de cada um de nós.

Recursos ou poderes:
Capital econômico (renda, salários, imóveis).
Capital cultural (saberes e conhecimentos reconhecidos por diplomas e títulos).
Capital social (relações sociais que podem ser revertidas em capital, relações que podem ser capitalizadas).
Capital simbólico (o que vulgarmente chamamos prestígio e/ou honra).

        A posição de privilégio ou não-privilégio ocupada por um grupo ou indivíduo é definida de acordo com o volume e a composição de um ou mais capitais adquiridos e ou incorporados ao longo de suas trajetórias sociais.

       O conjunto desses capitais seria compreendido a partir de um sistema de disposições de cultura (nas suas dimensões material, simbólica e cultural, entre outras), denominado por ele habitus.

A produção do gosto


  • O gosto e as práticas de cultura de cada um de nós são resultados de um feixe de condições específicas de socialização.
  • É na história das experiências de vida dos grupos e dos indivíduos que podemos apreender a composição de gosto e compreender as vantagens e desvantagens materiais e simbólicas que assumem.
  • As práticas culturais são determinadas, em grande parte, pelas trajetórias educativas e socializadoras dos agentes.
  • O gosto cultural é produto e fruto de um processo educativo, ambientado na família e na escola e não fruto de uma sensibilidade inata dos agentes sociais.

“Capital cultural incorporado”

Gosto e os estilos de vida seriam uma questão de foro íntimo.

  • gosto seria o resultado de imbricadas relações de força poderosamente alicerçadas nas instituições transmissoras de cultura da sociedade capitalista.
  • essas instituições seriam a família e a escola.
    • seriam elas responsáveis pelas nossas competências culturais ou gostos culturais.
De um lado, chamou a atenção para o aprendizado precoce e insensível, efetuado desde a primeira infância, no seio da família, e prolongado por um aprendizado escolar que o pressupõe e o completa (aprendizado mais comum entre as elites).
De outro, destacou os aprendizados tardio, metódico e acelerado, adquiridos nas instituições de ensino, fora do ambiente familiar, em tese um conhecimento aberto para todos.

        Assim, a distinção entre esses dois tipos de aprendizado, o familiar e o escolar, refere-se a duas maneiras de adquirir bens da cultura e com eles se habituar. Ou seja, os aprendizados efetuados nos ambientes familiares seriam caracterizados pelo seu desprendimento e invisibilidade, garantindo a seu portador um certo desembaraço na apreensão e apreciação cultural; por sua vez, o aprendizado escolar sistemático seria caracterizado por ser voluntário e consciente, garantindo a seu portador uma familiaridade tardia com a produção cultural.

         Essas duas formas de aprendizado, segundo Bourdieu, seriam responsáveis pela formação do gosto cultural dos indivíduos.

        Seria, especificamente, o que se chamaríamos de “capital cultural incorporado”, uma dimensão do habitus de cada um; uma predisposição a gostar de determinados produtos da cultura, por exemplo, filmes, livros ou musica, consagrados ou não pela cultura culta; uma tendência desenvolvida em cada um de nós, incorporada e que supõe uma interiorização e identificação com certas informações e/ou saberes; um capital, enfim, em uma versão simbólica, transvertido em disposições de cultura, portanto, fruto de um trabalho de assimilação, conquistado a custa de muito investimento, tempo, dinheiro e desembaraço no caso dos grupos privilegiados.

O descompasso educacional

        Em uma sociedade hierarquizada e injusta como a nossa, não são todas as famílias que possuem a bagagem culta e letrada para se apropriar e se identificar com os ensinamentos escolares.
Alguns, os de origem social superior, terão certamente mais facilidade do que outros, pois já adquiriram parte desses ensinamentos em casa. Existiria uma aproximação e uma similaridade entre a cultura escolar e a cultura dos grupos sociais dominantes, pois estes há muitas gerações acumulam conhecimentos disponibilizados pela escola. Nesse sentido, o sistema de ensino que trata a todos igualmente, cobrando de todos o que só alguns detêm (a familiaridade com a cultura culta), não leva em consideração as diferenças de base determinadas pelas desigualdades de origem social. Bourdieu detecta então um descompasso entre a competência cultural exigida e promovida pela escola e a competência cultural apreendida nas famílias dos segmentos mais populares.